Mato Grosso é um dos principais estados do país com taxa de detecção de casos de hanseníase. A doença, que é causada por uma bactéria, teve uma taxa de 58,76 casos a cada 100 mil habitantes, e de 22,45 casos na mesma proporção em Cuiabá, conforme dados do Boletim Epidemiológico da Hanseníase de 2023, do Ministério da Saúde. Apesar da estigmatização sofrida pela doença no passado, hoje possui tratamento gratuito pelo SUS e tem cura.
“A hanseníase é uma doença silenciosa, muito frequente em nosso país e que tem potencial para ocasionar deficiências e incapacidades físicas. Os principais sintomas na pele consistem em manchas avermelhadas, hipocromias – um tom abaixo da pele – pode ser vermelho clara ou escuro, nódulos, queda de pelos localizadas, da sobrancelha, ressecamento entre outras”, explica a médica Helen Siman, dermatologista que atende no Hospital São Mateus, em Cuiabá.
A hanseníase também pode gerar dor no corpo, nas articulações, formigamento nos membros, mãos e pés, e espessamento dos nervos. Também há alterações sensitivas como manchas sem sensibilidade térmica ou a perda da dor, e ausência de sensibilidade tátil.
Conforme a médica, a transmissão ocorre principalmente pelas vias respiratórias, também sendo possível em contato com a pele ou via mucosas, mas nestes casos, é preciso haver solução de continuidade.
“A probabilidade de contágio é de aproximadamente 10%. Portanto, 90% das pessoas que foram expostas à bactéria não vão desenvolver a doença porque possuem imunidade celular resistente ao bacilo” ressalta a especialista.
O tratamento da hanseníase pode ser feito gratuitamente pelo SUS também sendo possível na rede privada, e consiste em uma medicação que logo na primeira dose já torna a quantidade de bacilo reduzida nas vias aéreas superiores, impossibilitando a transmissão.
Contudo, como a duração do tratamento é longa, podendo variar entre seis meses e um ano, um dos problemas é a baixa adesão dos pacientes, que muitas vezes desistem em razão dos efeitos colaterais dos antibióticos, ou por acreditarem já estar curados.
“O diagnóstico precoce permite mais eficácia na cura e evita lesões que podem resultar em sequelas definitivas. Assim que se começa o uso dos medicamentos, o paciente vai continuar a vida normalmente. No passado já foi muito estigmatizada, mas hoje é uma nova realidade”, explica a médica.