O Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso (CRO-MT) se reuniu com Luciana Zamproni, Secretária da Mulher do Município de Cuiabá e com a dra. Tahyná Duda Deps Almeida representando a Faipe e dra. Carla Sanches, da Univag, para discutir um projeto de assistência a vítimas de violência doméstica. O CRO-MT fez a ponte entre as entidades e juntas discutiram o atendimento de mulheres e crianças que sofreram violência doméstica para proporcionar tratamento odontológico nas clínicas das faculdades.
O Conselho tem interesse de futuramente implantar também os tratamentos estéticos, da área da Harmonização Orofacial. Segundo a dra. Wania Dantas, presidente do CRO-MT, as mulheres muitas vezes não conseguem se afastar dos agressores, seja por dependência financeira, emocional, por conta dos filhos ou outros motivos, e isso faz com que o ciclo de agressões dure por anos.
“As mulheres sofrem violência dentro de suas próprias casas, muitas vezes as agressões se estendem por muitos anos e, nesse período, o agressor vai destruindo tudo que ela construiu para si, inclusive a visão que elas têm de si mesmas”, argumentou. A presidente completou ainda que devolver a autoestima para as mulheres é o objetivo principal do projeto. “Queremos que cada mulher se olhe no espelho e se enxergue novamente dona de sua vida, reinseridas e que saia do consultório com a autoestima reconstruída”, concluiu.
Em 2020, a Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) de Cuiabá registrou de janeiro a dezembro de 2020 2.061 atendimentos a mulheres em Cuiabá. No mesmo período em 2019, a DEDM registou 3.022 atendimentos. Apesar da redução de aproximadamente 32%, é importante lembrar que em 2020 foi o início da pandemia de Covid-19 que com a ordem de isolamento social fez com que vítimas de agressão doméstica ficassem mais tempo dentro de casa com seus agressores, o que impossibilitou as denúncias.
A delegada Jozirlethe Criveletto destacou, em reportagem de Raquel Teixeira da Polícia Civil-MT, realizada em abril de 2021, que a redução pode ser causada por subnotificações. “As estatísticas demonstraram que essa necessidade de permanecer por mais tempo dentro dos lares fez de muitas mulheres, ‘presas fáceis’ nas mãos de seus agressores, sem a possibilidade de procurar ajuda, ante as inúmeras dificuldades estabelecidas a partir da própria complexidade da violência doméstica, ou mesmo por outras razões, como as de ordem financeira ou dificuldades de acesso aos canais de denúncia”, pontuou a delegada.