O câncer de colorretal é uma das formas mais comuns de câncer em todo o mundo, representando 10% de todos os tipos de câncer e é identificado junto ao câncer de mama como o segundo com maior incidência, conforme dados apresentados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, avanços significativos têm sido feitos no diagnóstico e tratamento dessa doença, oferecendo esperança aos pacientes e suas famílias.
Um dos principais pontos de destaque é a importância da detecção precoce. De acordo com o oncologista que atende no Hospital São Mateus, em Cuiabá, Dr. Tiago Cerzósimos, exames de rastreamento, como a colonoscopia, têm sido fundamentais para identificar lesões precoces e pólipos, muitas vezes antes que se tornem cancerígenos.
“O diagnóstico é feito com colonoscopia, um aparelho que tem uma câmera na frente com uma luz, que vai avaliar o intestino grosso, que é 99% de todos os tipos de câncer, então fica no intestino grosso e no reto”, esclarece o especialista.
Ele ressalta que a detecção precoce aumenta consideravelmente as chances de tratamento bem-sucedido. “Então, é de suma importância fazer um rastreio, indicado aos 45 anos, mesmo em pacientes que não sentem nada, não têm nenhuma queixa em relação ao intestino, o ideal é que eles façam uma colonoscopia, e uma vez que o resultado for normal, o paciente pode repetir de 5 a 10 anos. Existem algumas lesões, que são pólipos, uma espécie de verruga no intestino, que podem ser cancerígenas. O bom desse exame é isso, porque durante o procedimento, eles já podem ser retirados”, afirma Tiago.
Além disso, novas abordagens terapêuticas têm revolucionado o diagnóstico e o tratamento. Terapias-alvo, como os inibidores de EGFR e VEGF, têm mostrado eficácia em determinados subtipos de tumores, oferecendo alternativas para pacientes e podem ser feitas em conjunto com a quimioterapia convencional.
O médico ressalta também que, apesar dos avanços, a conscientização sobre o câncer continua sendo essencial. Campanhas educativas sobre fatores de risco, sintomas e a importância do rastreamento regular podem desempenhar um papel crucial na redução da incidência e mortalidade dessa doença. Atenção aos sintomas iniciais também ajudam na eficácia do tratamento.
“Os sintomas que geralmente são sangramento nas fezes, não são todos que podem ter, mas se tiver tem que procurar ajuda imediatamente. Às vezes, o paciente tem hemorroida e eventualmente pode sangrar, mas não pode apostar somente nisso, o ideal é fazer uma colonoscopia. Pode ter uma mudança de hábito intestinal também. Em alguns casos, se defecava todos os dias, pode evacuar a cada 3 ou 4 dias. O contrário também pode acontecer, da pessoa ter um hábito intestinal mais frequente ou também uma diminuição no calibre das fezes”, adverte o médico.
Outro avanço no tratamento da desarmonia é a imunoterapia, que trabalha estimulando o sistema imunológico do paciente a atacar as células cancerígenas. Ela é indicada para alguns tipos de câncer.
Com a detecção precoce, tratamentos inovadores e o potencial da imunoterapia, a jornada contra essa doença está avançando, trazendo consigo uma luz de esperança para um futuro com menos casos e melhores resultados para aqueles afetados. Conforme o médico, aliado a isso, uma alimentação adequada também é importante. “A importância de uma alimentação rica em fibras, bastante frutas, verduras todos os dias, é essencial. No Brasil temos costume de comer pouca salada, normalmente a quantidade que se coloca de salada numa mesa para quatro pessoas, seria o ideal para uma pessoa consumir. A ingestão de algumas castanhas, também ajuda e diminui a incidência do câncer, quase equivalente a quimioterapia, e eu sempre oriento isso para os meus pacientes”, pontua Cerzósimo.
Ele finaliza que atividades físicas frequentes, diminuição de processados, alimentos em conserva, defumados e, se possível, retirar a carne vermelha, também são de grande valia. “Outra coisa que vale a pena alertar, é o mito que somente pessoas com histórico na família vão ter câncer. Isso é um mito, pois 85% a 90% são esporádicos, não tem nada a ver com problemas genéticos herdados”, finaliza.